domingo, 20 de setembro de 2015

O CÂMBIO E SUAS PEGADINHAS

http://www.viajenaviagem.com/2015/09/viagem-cambio-dicas

Muita calma nessa hora: 3 fatos e 5 pitacos sobre câmbio 

por Ricardo Freire


Câmbio é um dos assuntos mais complicados que existem para nós, leigos. São tantas as variáveis envolvidas – a cotação que importa ora é a de compra, ora é a de venda; às vezes o câmbio requer fazer conta de dividir, e outras vezes, de multiplicar; freqüentemente, o que intuímos ser mais lógico é apenas resultado de um raciocínio erroneamente simplista. É uma pegadinha atrás da outra, pessoal.
Num momento de instabilidade cambial tremenda como o atual (de 1% em 1%, o real acabou sofrendo uma maxidesvalorização), a gente, que não entende patavinas de câmbio, tende a enfiar os pés pelas mãos e acaba fazendo mais besteira do que o habitual. Se existir contabilidade criativa em câmbio, não deve estar ao alcance de amadores como você e eu. Só quem garantidamente ganha dinheiro com câmbio é quem está do outro lado do balcão (ou quem compra dólar como investimento de longo prazo, como quem investe em ações).
No câmbio, o dinheiro se torna uma mercadoria. A gente não ‘troca’ dinheiro – a gente vende uma mercadoria que não nos serve (um dinheiro inútil aonde vamos) para comprar uma mercadoria que nos falta (um dinheiro indispensável aonde vamos). É um mundo injusto, onde compram a nossa mercadoria por menos do que vale e nos vendem com sobrepreço uma mercadoria de valor teoricamente equivalente. A única maneira de evitar o preju é entrar para a família do dono do banco ou da corretora.
Para não fazer besteira, é bom ter três fatos em mente.

    Fato 1:

    Em cada operação de câmbio, perdemos um pouco

Só nos resta tentar reduzir as perdas ao mínimo, evitando operações de câmbio desnecessárias ou em condições mais desvantajosas do que o normal.
Exemplo de operação de câmbio desnecessária: trocar euro por libra na Inglaterra. Compre direto libras no Brasil, mesmo que pareça mais caro (quando for trocar seus euros por libras na Inglaterra, vai pagar a diferença e um pouco mais).
Exemplo de operação de câmbio mais desvantajosa do que o normal: comprar pesos uruguaios no Brasil. A cotação é tão indecorosa (no dia 18 de setembro de 2015, R$ 1 comprava 5,50 pesos aqui e entre 6,90 e 7 pesos no Uruguai) que a gente acaba perdendo bem mais do que deveria.

    Fato 2:

    A diferença de valor nominal entre moedas é enganosa

A maior confusão que vejo nas perguntas que aparecem diariamente nas caixas de comentários é considerar a diferença nominal de valores de moedas como indicador de carestia ou pechincha.
Se dólar custa mais de R$ 4 e o peso mexicano custa R$ 0,30, então é muito mais barato comprar peso mexicano, certo? Errado. A cotação dessa moeda no Brasil (assim como das moedas ‘fracas’ em geral) é desvantajosíssima. O peso mexicano deveria custar, no dia em que pesquisei, no máximo R$ 0,24 (tomando por base o câmbio que você conseguiria no México ao trocar dólares comprados no Brasil). Tem um sobrepreço aí de 20% (muito maior que o IOF que você está querendo economizar!), que você não percebe que existe, só porque está prestando atenção apenas na diferença nominal do peso frente o dólar.

    Fato 3:

    Quando o real desvaloriza sozinho frente o dólar, desvaloriza frente as outras moedas também

O dólar é o parâmetro pelo qual o real é cotado frente todas as moedas. Quando acontece – como nesse último mês – do real desvalorizar sozinho frente ao dólar, fique certo de que a desvalorização vai se refletir no câmbio frente todas as outras moedas. Quando estive no Peru em junho de 2015, 1 real era comprado a 95 centavos de nuevo sol. Três meses mais tarde, no dia 11 de setembro de 2015, vendi reais em Lima a 68 centavos de nuevo sol. É o mesmo tombo que o real levou frente o dólar.
Conclusão: não fuja do dólar só porque ficou repentinamente mais caro. As outras moedas ficaram repentinamente mais caras também – você é que não estava acompanhando.
Bom. Depois desse blablablá introdutório, aí vão meus conselhos:

    Pitaco 1:

    Não compre moedas ‘fracas’ no Brasil

O mercado de moedas ‘fracas’ (pesos, soles, rands, florins, liras e quetais) é pequeno e atende apenas a viajantes muito inseguros, que acham que precisam desembarcar em qualquer lugar com alguma moeda do país no bolso. A verdade é que não precisam. Todo aeroporto terá uma casa de câmbio aberta 24 horas junto ao desembarque -- e se é para perder dinheiro, melhor trocar 100 dólares ali do que comprar essas moedas aqui pelo valor que pedem.
Veja esse print de cotações da última sexta-feira, dia 18 de setembro de 2015.
Cambionet
O peso chileno estava sendo vendido a R$ 0,0067 (não sei nem como se pronuncia isso). Parece superbaratíssimo, não? Mas se você levasse seus reais ao Chile, conseguiria 170 pesos por real – ou que significa que bastam R$ 0,0058 para comprar um peso em território chileno. A cotação da corretora brasileira equivale a 150 pesos por real. No aeroporto de Santiago, que tem a pior cotação, te pagam 162!

    Pitaco 2:

    Não leve reais para nenhum destino fora desta lista

  • Buenos Aires, Bariloche e Mendoza
  • Montevidéu, Punta del Este e Colonia del Sacramento
  • Santiago e Valparaíso
  • E só!
Nessas cidades existe demanda para reais, então a cotação é vantajosa (nas cidades argentinas, desde que você use o câmbio paralelo).
Para todos os outros lugares, incluindo destinos chilenos e argentinos que não estão listados (Ushuaia, Atacama, El Calafate, Lagos Andinos), leve dólar ou a moeda forte do lugar (libra, euro, dólar canadense, etc).
Sim, eu sei que estou quebrando aquela regrinha de reduzir ao mínimo o número de operações de câmbio -- mas o que vale aqui é a regrinha de não fazer nenhuma operação de câmbio excessivamente desvantajosa. Pode até ser possível trocar reais em outros lugares, mas valerá mais a pena levar moeda forte.
Por exemplo: na sexta dia 18 de setembro de 2015, com o dólar comprado no Brasil a R$ 4,10, 1.000 dólares renderiam 3.190 nuevos soles em Lima. Mas se você trocasse 4.100 reais (o equivalente a 1.000 dólares no Brasil naquele dia), conseguiria apenas 2.788 nuevos soles.

    Pitaco 3:

    Não compre a moeda ‘errada’ só porque está mais barata

Todo dia me perguntam: com a libra tão cara, será que não é melhor levar euro para Inglaterra? Com o euro tão caro, será que não é melhor levar dólar para a Europa? E outro dia apareceu: com o dólar tão caro, será que não vale a pena levar dólar australiano para os Estados Unidos?
mrgreen
Vale a pena não. Como eu já disse mais acima, na hora de fazer o novo câmbio você vai pagar a diferença e mais o sobrepreço do cambista.
Mas atenção: o que eu não recomendo é comprar dólares para levar para a zona do euro, ou comprar euros para levar para a Inglaterra. Mas se você já tem essa moeda em mãos, vale mais a pena levar e trocar uma vez só, lá. Não troque no Brasil não, porque seriam duas operações de câmbio.

    Pitaco 4:

    Não compre nem troque em qualquer lugar

Muito mais eficiente do que inventar soluções mirabolantes (tipo levar dólar australiano para a Europa) é tomar mais cuidado na hora de comprar moeda no Brasil e fazer câmbio no exterior.
Aqui no Brasil, não seja comodista: pesquise o dólar menos caro para comprar. O site Jooin traz o comparativo de vários bancos e corretoras para você economizar na compra. Na sexta-feira dia 18, dava para encontrar dólar, já com 0,38% de IOF incluso, de R$ 4,02 a R$ 4,23. É muita variação!
E no exterior, se precisar cambiar a moeda que comprou no Brasil, troque o mínimo indispensável em aeroportos, nos fins de semana e em lugares próximos a atrações turísticas. (Veja aqui as minhas dicas de Santiago e Buenos Aires.)
Na Europa, descubra agências bancárias com setor de câmbio – a cotação sempre é melhor do que a de casas de câmbio de rua. No Leste Europeu, algumas casas de câmbio de rua são tão salafrárias quanto os motoristas de táxi – assim que o real estabilizar de novo (#oremos) eu indicaria usar o cartão de crédito só para não passar raiva.

    Pitaco 5:

    Na dúvida, vá de dólar

Com exceção dos ciclos em que o real se valoriza frente o dólar (saudades!!!!), comprar dólar é sempre um bom negócio. Mesmo naqueles destinos daquela lista onde dá para levar real, o dólar bem comprado no Brasil terá uma boa performance (e servirá como garantia contra a desvalorização do real durante a sua viagem....).
No longo prazo, então... ninguém se arrepende de juntar dólar. O pessoal que agüentou esses anos em que o dólar foi o pior investimento hoje está rindo à toa.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

10 Motivos para viajar sozinho

Mesmo viajando sozinho há mais de sete anos, muitos amigos ainda me questionam sobre esse estilo de viagem. Embora já esteja acostumado, viajar sozinho ainda me traz os sentimentos do primeiro mochilão que fiz para o PeruBolívia,Argentina e Uruguai: liberdade, descobertas e um frio gostoso na barriga.
Se você nunca encarou uma jornada como essa – que é super comum mundo afora – talvez ainda fique com o pé atrás, mas este post tem justamente o objetivo de fazer você repensar esse assunto nas suas próximas férias.

1) CALENDÁRIO
10 motivos para você viajar sozinho (Foto: Philip Chapman-Bell)Foto: Philip Chapman-Bell/Flickr
Quando não estamos mais nos tempos de escola e temos de enfrentar a vida profissional, conciliar o calendário de viagens ou férias com os amigos ou com namorada(o) ou esposa (o) fica muito difícil. Se as datas batem talvez as demais pessoas não tenham dinheiro ou vontade de ir pro mesmo destino que você sonha há tempos. Quer empurrão melhor para viajar sozinho?

2) É PERIGOSO?
10 motivos para você viajar sozinho (Foto: Esse Mundo É Nosso)
Não. A menos que você vá para um país em conflito, normalmente não terá problemas com segurança, mesmo que vá para um lugar famoso por sua violência. Moramos no Brasil, e infelizmente (nesse aspecto) estamos preparados para encarar o mundo. Sabemos de longe evitar um local que pareça ameaçador, estamos sempre ligados em nossos pertences, já sabemos que não devemos sair com muito dinheiro… e por aí vai.

3) LIBERDADE
10 motivos para você viajar sozinho (Foto: Esse Mundo É Nosso)
Essa é uma das melhores partes. Quando você viaja sozinho tem a liberdade de ditar o seu tempo. Vai às cidades que deseja e visita as atrações que lhe dão na telha. Quer tirar um dia para não fazer nada? Não se preocupe, são as suas férias.

4) OUTROS OLHOS
10 motivos para você viajar sozinho (Foto: Esse Mundo É Nosso)
Quando você está sozinho, absorve muito mais a cultura de um lugar. Aprende a olhar tudo de outra maneira, perde seus preconceitos e para pra pensar que o mundo não é apenas aquele que gira ao seu redor. Todos os dias, enquanto você cumpre sua rotina, aquelas pessoas também estão lá vivendo a vida delas, muitas vezes sem nem saber que a sua cidade existe. É uma ótima oportunidade de abrir sua mente.

5) SOLIDÃO?
10 motivos para você viajar sozinho (Foto: Esse Mundo É Nosso)
Isso vai da escolha de pessoa pra pessoa. Um mar de gente viaja todos os dias sozinho e existem táticas para fazer amizades super legais durante uma viagem: hospede-se em um hostel (mesmo que em quarto privado, caso não goste de compartilhar) e conheça pessoas do mundo todo que estão na mesma que você; converse com os moradores locais; faça tours em grupo e conviva com desconhecidos ao longo de um ou mais dias que certamente se identificará com alguém; se é sua primeira viagem, procure um destino mais jovem e descolado para que você não corra o risco de se sentir na solidão. Essas são apenas algumas das várias situações.
A internet virou uma das melhores aliadas de quem viaja sozinho. Você não precisa mais esperar voltar para contar pra todo mundo as experiências incríveis que você viveu. As redes sociais estão aí pra isso e pode ter certeza que você sentirá a presença de quem você gosta com você.

6) IDIOMA
10 motivos para você viajar sozinho (Foto: Esse Mundo É Nosso)
Não fala bem inglês? As mímicas e os sinais são a linguagem universal. E os aplicativos de celulares que fazem traduções podem ser também. Existem países onde a população praticamente não fala inglês e isso nunca foi problema para os viajantes. Claro que se você vai encarar sua primeira viagem internacional é bom ter um conhecimento básico do idioma. Se não tem, por que não viajar pelo Brasil ou pelos nossos vizinhos? Portunhol é uma língua que todo brasileiro já nasce falando.

7) PLANEJE SUA PRÓPRIA VIAGEM
10 motivos para você viajar sozinho (Foto: Jasmic/Flickr)Foto: Jasmic/Flickr
Fazer seu próprio roteiro com antecedência, desde a compra das passagens até a escolha das atividades, faz você se envolver com sua viagem muitos meses antes. São dias e dias na internet lendo relatos e curtindo fotos, além de noites sonhando com aquele destino. Na volta pode ter certeza de que não há satisfação maior.

8) PRA SE INSPIRAR
10 motivos para você viajar sozinho (Foto: Guilherme Tetamanti - Viajando Com Eles)Foto: Guilherme Tetamanti/Viajando Com Eles
Tenho muitos amigos que não só viajam sozinhos por uma semana ou nas férias, mas cruzaram o mundo por um ou mais anos sem nenhum amigo por perto. Mesmo assim eles viveram experiências inesquecíveis e fizeram grandes amizades. Muitos deles têm blogs em que contam como foram suas voltas ao mundo, como o Guilherme do Viajando Com Eles, o Daniel do Mochileiro das Maravilhas, a Fernanda do Preciso Viajar, o Rafa, a Nat e a Luíza do 360 Meridianos, a Carla do Idas e Vindas

9) E SE…
10 motivos para você viajar sozinho (Foto: Esse Mundo É Nosso)
Existem vários “e se” que podem vir à sua mente. Com certeza a maioria tem solução. “E se eu ficar doente?”. Não se esqueça de contratar um seguro de viagem. “E se eu tiver problemas com segurança?”. É sempre bom ter em mãos os telefones da embaixada brasileira e da polícia turística local. “E se eu não gostar de estar sozinho(a)?”. Volte pra casa antes do tempo, você não é obrigado(a) a ficar. Podia dar infinitos exemplos, mas são coisas muito pessoais e pontuais.

10) AINDA NÃO TEM CERTEZA?
10 motivos para você viajar sozinho (Foto: Paulo Bedran)Foto: Paulo Bedran
Comece a viajar sozinho(a) com o suporte de algum curso de férias, por exemplo. Os mais comuns são os de idioma fora do país. Mas se você não pode ou não quer sair do Brasil, que tal umas aulas de mergulho em Ilhabela ou no Nordeste, um curso de surf no litoral do Sul ou aulas de gastronomia em uma cidade histórica? Procure uma atividade que goste que com certeza você sentirá mais segurança e conhecerá muita gente legal.