A talvez, rota mais básica mochileira de viagem de brasileiros pela América do Sul seja seguir rumo à Bolívia (e depois para os demais destinos) via Trem da Morte. Do vilarejo boliviano de Puerto Quijarro, na divisa com Corumbá (MS), Brasil partem os trens rumo à Santa Cruz de La Sierra, uma das principais cidades do país vizinho.
O trem na verdade se chama Expreso Oriental e o “marketing” Trem da Morte é combatido pela empresa responsável com o slogan “Trem de vida”, em alusão ao programa social de orientação que desenvolvem para alertar para os riscos de acidentes com e no trem. Poderiam também utilizar o marketing com relação aos vários postos de trabalho formais e informais que o trem dá aos bolivianos.
Frisemos que este é um trajeto para quem optar visitar o país (ou um trecho dele) por terra. Para quem sai de São Paulo, por exemplo, a viagem já começa pela paisagem com muito verde e planícies ainda no Brasil.
Frisemos que este é um trajeto para quem optar visitar o país (ou um trecho dele) por terra. Para quem sai de São Paulo, por exemplo, a viagem já começa pela paisagem com muito verde e planícies ainda no Brasil.
Com os pés na Bolívia
Trocado o passo de Corumbá para a Bolívia, chega-se a um solo árido, de cambistas desesperados (com cara de boliviano e jeito de brasileiro) e nos vem a primeira impressão do país: tudo é negociável (fato reconfirmado várias vezes durante nossas duas viagens pelo país – uma de 20 dias e outra de “passagem”). Estamos em Arroyo Concepción, onde quem chega por Corumbá deve carimbar o passaporte dando entrada na Bolívia.
Vá com tudo nos conformes. Qualquer “falta de pingo no i” já é motivo para lhe arrancarem uns bolivianos ou reais. Nossa equipe (e mais um viajante brasileiro) estava com o comprovante nacional de vacina contra Febre amarela (papel branco) e embora a proteção seja a mesma, os hombres do turismo boliviano “sugeriram” que voltássemos à Corumbá para conseguirmos a carteira internacional (papel amarelo). Como incorruptíveis brasileiros, dissemos ok (que exemplo hein!)
Dez passos fora da sala do “bota defeito” vem o assistente pedindo US$ 10. Acabamos cumprindo a “diplomacia” e entramos na Bolívia por US$ 5 (cada). Resolvido o problema, seguimos em um táxi rumo à Puerto Quijarro (onde fica a estação de trem).
Não muito diferente que a periferia de São Paulo por exemplo, o local ainda tem muito de Brasil: na TV, Rede Globo; o idioma, portunhol. A Bolívia só está na fisionomia das pessoas, nas salteñas e em outros pratos servidos nos bares bem simples da vila.
Na vontade de finalmente sentir-se na Bolívia, o primeiro passo é sair daquele lugar, buscando pela passagem de trem rumo à Santa Cruz de la Sierra.
Dependendo o horário de chegada, a estação pode estar bem lotada e logo alguém pode lhe oferecer uma passagem, por um valor algumas vezes maior que o valor da bilheteria. Reluta-se em pagar tal quantia, mas o local parece que já se organizou para fazer com que a compra no paralelo seja algo oficial. Há pessoas que trabalham com isso. Geralmente na bilheteria só há passagens para três dias a frente, logo, são três dias em um dos hotéis de Quijarro. Esse ciclo é o que parece mover a economia do lugarejo.
Um pouco apressados, pagamos por uma passagem para o dia seguinte à nossa chegada (claro, de segunda mão). Então lá se foi uma noite na vila, num calor de 40 graus. Para o jantar: arroz, metade de uma banana frita e carne (frango, milanesa ou chuleta) tudo regado a muito óleo. Resumidamente, um prato ruim para o organismo, bom para a fome e aceitável para os olhos!
Na manhã seguinte o déficit de atividades nos fez ir à Puerto Aguirre, a Zona Franca local. Há um shopping e um mercado que vende por atacado e varejo. O ar condicionado foi o melhor do passeio. O calor das 8h deveria estar por volta dos 45ºC. Detalhe, é possível chegar à pé no local (uns 5 minutos caminhando), mas se perguntar a algum morador, ele certamente irá lhe recomendar um táxi (deve ser para continuar o ciclo que movimenta a economia local).
Vá com tudo nos conformes. Qualquer “falta de pingo no i” já é motivo para lhe arrancarem uns bolivianos ou reais. Nossa equipe (e mais um viajante brasileiro) estava com o comprovante nacional de vacina contra Febre amarela (papel branco) e embora a proteção seja a mesma, os hombres do turismo boliviano “sugeriram” que voltássemos à Corumbá para conseguirmos a carteira internacional (papel amarelo). Como incorruptíveis brasileiros, dissemos ok (que exemplo hein!)
Dez passos fora da sala do “bota defeito” vem o assistente pedindo US$ 10. Acabamos cumprindo a “diplomacia” e entramos na Bolívia por US$ 5 (cada). Resolvido o problema, seguimos em um táxi rumo à Puerto Quijarro (onde fica a estação de trem).
Não muito diferente que a periferia de São Paulo por exemplo, o local ainda tem muito de Brasil: na TV, Rede Globo; o idioma, portunhol. A Bolívia só está na fisionomia das pessoas, nas salteñas e em outros pratos servidos nos bares bem simples da vila.
Na vontade de finalmente sentir-se na Bolívia, o primeiro passo é sair daquele lugar, buscando pela passagem de trem rumo à Santa Cruz de la Sierra.
Dependendo o horário de chegada, a estação pode estar bem lotada e logo alguém pode lhe oferecer uma passagem, por um valor algumas vezes maior que o valor da bilheteria. Reluta-se em pagar tal quantia, mas o local parece que já se organizou para fazer com que a compra no paralelo seja algo oficial. Há pessoas que trabalham com isso. Geralmente na bilheteria só há passagens para três dias a frente, logo, são três dias em um dos hotéis de Quijarro. Esse ciclo é o que parece mover a economia do lugarejo.
Um pouco apressados, pagamos por uma passagem para o dia seguinte à nossa chegada (claro, de segunda mão). Então lá se foi uma noite na vila, num calor de 40 graus. Para o jantar: arroz, metade de uma banana frita e carne (frango, milanesa ou chuleta) tudo regado a muito óleo. Resumidamente, um prato ruim para o organismo, bom para a fome e aceitável para os olhos!
Na manhã seguinte o déficit de atividades nos fez ir à Puerto Aguirre, a Zona Franca local. Há um shopping e um mercado que vende por atacado e varejo. O ar condicionado foi o melhor do passeio. O calor das 8h deveria estar por volta dos 45ºC. Detalhe, é possível chegar à pé no local (uns 5 minutos caminhando), mas se perguntar a algum morador, ele certamente irá lhe recomendar um táxi (deve ser para continuar o ciclo que movimenta a economia local).
Esqueça as lendas
Se estiver a fim de ser protagonista de um filme de suspense esqueça! O trem pode até surpreender, mas não assustar. São 18 horas de viagem em meio a áreas rurais da região. E em todo esse tempo ouvindo os vendedores em uníssono: “Limonada, limonada; café, café; soda, soda (refrigerantes); empanada, empanada…”, espetinhos de frango, carne, peixe frito e mais uma infinidade de produtos incluindo os pratos feitos (PF). A maioria dos produtos é caseira, incluindo as limonadas transportadas em baldes abertos e vendidas em sacos plásticos com canudo. (Confira uma boa ideia para Coca-Cola aqui :P)
Há viajantes relatando que existe a possibilidade da compra da passagem incluindo refeição. Se for do seu interesse, vale consultar previamente.
Além do comércio, o que pode surpreender alguns viajantes é o jeito dos bolivianos: incansáveis correm de vagão em vagão, sobem e descem nas paradas, gritam, se esbarram, quase sentam no seu colo… Outros fatos, são os homens da Polícia Nacional e/ou do Exército que circulam pelo trem e podem conferir sua passagem (sem problema se não estiver com seu nome) e a eventual falta de luz à noite (por isso não esqueça a lanterna e fique de olho na mochila).
Se quiser um pouco mais de sossego na viagem vá na categoria Super Pullman, onde não há acesso aos vendedores e os bancos são reclináveis (não se anime, não chegam a deitar). Se preferir economizar vá nos vagões das classes Pullman e Primera. Elas não têm muita diferença entre si. Na Pullman os bancos são para duas pessoas e em um ângulo de 90 graus. Já na Primera (a mais barata) os bancos também têm 90 graus podem ser para três pessoas e você corre o risco de viajar 18 horas de costas. Também há a opção extra, noturna que sai às 18h de Quijarro com apenas dois vagões, o Ferrobus.
Há viajantes relatando que existe a possibilidade da compra da passagem incluindo refeição. Se for do seu interesse, vale consultar previamente.
Além do comércio, o que pode surpreender alguns viajantes é o jeito dos bolivianos: incansáveis correm de vagão em vagão, sobem e descem nas paradas, gritam, se esbarram, quase sentam no seu colo… Outros fatos, são os homens da Polícia Nacional e/ou do Exército que circulam pelo trem e podem conferir sua passagem (sem problema se não estiver com seu nome) e a eventual falta de luz à noite (por isso não esqueça a lanterna e fique de olho na mochila).
Se quiser um pouco mais de sossego na viagem vá na categoria Super Pullman, onde não há acesso aos vendedores e os bancos são reclináveis (não se anime, não chegam a deitar). Se preferir economizar vá nos vagões das classes Pullman e Primera. Elas não têm muita diferença entre si. Na Pullman os bancos são para duas pessoas e em um ângulo de 90 graus. Já na Primera (a mais barata) os bancos também têm 90 graus podem ser para três pessoas e você corre o risco de viajar 18 horas de costas. Também há a opção extra, noturna que sai às 18h de Quijarro com apenas dois vagões, o Ferrobus.
De acordo com a Wikipédia, o nome “Trem da morte” se deu por causa de uma “uma epidemia de malária que ocorreu durante a construção da ferrovia, que matou milhares de trabalhadores bolivianos.” Nenhum boliviano com quem conversamos falou a respeito, tampouco encontramos dados sobre este fato em nossas pesquisas, exceto nesta fonte. Quem souber algo, divida conosco! (Seguiremos buscando a informação e se tivermos novidades atualizaremos este post – com estas e outras informações).
Mais informações sobre o trem aqui
Abaixo as tarifas e itinerários do trem:
Lunes, Martes, Miércoles, Jueves, Viernes – só pra ajudar a lembrar, são em espanhol, respectivamente, Segunda, Terça, Quarta, Quinta e Sexta (feiras).