sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

12 DICAS DE VIAGEM PARA O LESTE EUROPEU




Se me perguntassem qual parte da Europa gosto mais, responderia – sem sombra de dúvida – o Leste. E incluiria aí os três países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia). Além do interesse que eu tinha, antes do intercâmbio, sobre a história dos países que faziam parte da extinta URSS, afinal estudei Relações Internacionais, me apaixonei pela cultura, culinária, noite, museus, natureza, arquitetura, vodcas e cervejas dos lugares que lá visitei.
Sem contar o fato que, de modo geral, o custo de vida (e o de ser turista) da maioria de suas cidades, se comparadas às capitais do Ocidente ou Norte do velho continente, é baixo. Outra característica que sempre me é atrai na região é que grande parte das cidades ainda não se tornou  nicho de atração de turistas, tornando o dia a dia de quem as visita, em algumas ocasiões (como entrar em museus e igrejas), mais fácil.
Tive a oportunidade de visitar várias cidades quando estava fazendo intercâmbio na Finlândia. Nessa época – há aproximadamente dois anos – fui a São Petersburgo (várias vezes), Moscou, Tallin, Riga, Vilnius, Kaunas, Cracóvia, Praga e Budapeste.
Mais recentemente, no meio deste ano, viajei por dois meses na Europa e fui novamente a Praga e Budapeste, como também a lugares que não havia ido: Belgrado, Liubliana, Zagreb, Zadar, Rijeka e Bled. Mas, como nem tudo são flores, visitar países menos turísticos tem os seus percalços. Veja algumas dicas de viagem para o Leste Europeu que podem melhorar sua vida por lá:
1. Não conte com que as pessoas saibam falar inglês
Dicas de viagem para o Leste Europeu
Praça Vermelha, Moscou – Rússia
Ou mesmo que haverá menus em inglês em qualquer e todo lugar. Nas capitais já mais que habituadas e inclusive dependentes do turismo, como Praga, Budapeste e Tallinn, é comum ser abordado na rua em tal idioma por pessoas divulgando restaurantes e tours, como também achar quem saiba falá-lo com certa facilidade (principalmente, se tentar abordar alguém mais jovem).
No entanto, não o é assim em todos os grandes centros urbanos da região e muito menos em suas cidades do interior. Em lugares como Cracóvia, São Petersburgo, Moscou, Belgrado e Rijeka, tive que aprender um pouco da língua para me virar – ou simplesmente não ficar perdida – e sempre estar com um mapa na mão (e geralmente outro no smartphone). Um aplicativo muito útil é o City Maps 2 Go, que fornece download de mapas que poderão ser utilizados sem o acesso à internet, até mesmo para fazer buscas como a localização de ruas e pontos de ônibus.
2. Aprenda ao menos um pouco de cirílico e algumas frases em russo
Se você tem vontade de ir para países que usam tal alfabeto – como Rússia, Sérvia e Ucrânia -, essa habilidade será útil para se locomover nas cidades com menos dificuldade. Em Moscou, por exemplo, todas as placas de rua, sinalizações ou o metrô estão somente em cirílico e, por isso, antes de ir aprendi o som das letras que eram distintas do nosso alfabeto. Outra opção é ter em mãos (ou no smartphone) uma tabela com as correspondências de cada letra, que foi o que fiz quando estive em Belgrado no meio deste ano.
Além disso, se você pretende visitar a Rússia, ajuda bastante saber algumas palavras e frases fundamentais, como “água”, “eu não falo russo”, “saída” e “banheiro”. E ainda, apesar do rancor em relação aos tempos da Guerra Fria, muitas pessoas dos países que faziam parte da União Soviética sabem falar russo (sem, frequentemente, saber falar inglês).
Não é que não existam pessoas que saibam falar inglês no país, mas, de forma semelhante ao Brasil, a porcentagem dos que sabem é bem pequena. Aprendi isso, claro, na marra: a primeira vez que fui a São Petersburgo atravessei a fronteira da Finlândia com o país de ônibus. Passei na emigração finlandesa, cujos oficiais sabiam falar inglês (afinal, desde o primeiro dia na escola até o último, na Finlândia, há aulas do idioma).
Já no posto de imigração do lado russo, que para minha infelicidade não era coberto e aquecido, a oficial não falava inglês e muito menos sabia que brasileiros não precisam de visto para entrar como turista. Antes de chegar a brilhante ideia de ligar para alguém que soubesse dessa informação, a oficial simplesmente ficou uns bons 20 minutos falando em sua língua natal comigo (de forma bem enfática) e eu, tolamente, falando em inglês que não precisava de visto. Depois que comecei a fazer gestos e apontar para o telefone, ela – após bons minutos – jogou um papel em mim (item 9), que eu preenchi. Ela carimbou meu passaporte e me deixou ir.
3. Pesquise com antecedência como chegar ao hostel
Dicas de viagem para o Leste Europeu
Vista a partir da ilha do lago da cidade de Bled, Eslovênia
Isso vale para qualquer cidade, em qualquer país, mas no caso do Leste europeu há um agravante, pois em determinados lugares (que não são poucos) ainda existe a “máfia” de taxistas, ou falta de regulamentação/fiscalização do governo na profissão. Assim, prefira sempre o uso de transporte público e, se esse for inviável ou inexistente, peça dica ao hostel (ou mesmo para alguém que seja de lá ou já tenha visitado o lugar, tipo em blogs).
Felizmente, cidades dessa região costumam ter ótimos sistemas de transporte público e com tarifas muito baratas (se convertidas em reais ou euros). Até mesmo cidades em situação econômica difícil, como Belgrado, possuem transporte público de trilhos e ônibus, que não são modernos, mas cobrem bem a cidade.
4. Evite viajar de trem entre os países
Infelizmente, os trens no Leste, de modo geral, são lentos. Beeeem lentos. A malha ferroviária não é moderna e rápida como é no Ocidente e Norte do continente. Eu tive algumas experiências que ilustram isso, como quando fui de Budapeste a Belgrado. As duas cidades ficam a 377 km de distância uma da outra, o que demoraria por volta de 5 horas de carro, mas que de trem ficou em 9 horas!!!
Por isso, pesquise bem sobre qual é a melhor opção de transporte. Existem muitas companhias de ônibus que cobrem vários trechos na região, tais como a Eurolines, a Orange Ways, a Ecolines e a Simple Express. Mas há exceções, como a Rússia, onde há várias opções de preços e velocidades dos trens para os principais trechos (como São Petersburgo-Moscou).
5. Pesquise sobre companhias aéreas que voam na região
Dicas de viagem para o Leste Europeu Belgrado
Trilhos na estação de trem de Belgrado
Além do motivo relacionado à dica anterior, vários países têm dimensões maiores ou até mesmo continentais, no caso da Rússia. Estados como Polônia, Romênia e Ucrânia, se comparados a outros do continente, são grandes, o que torna o deslocamento de um a outro mais demorado.
Uma forma de superar isso é voando, que pode sair caro ou não, dependerá do trecho e também da sorte de achar uma promoção. Várias lowcosts fazem trechos na região, tais como Ryanair, Easyjet, Wizzair e Airbaltic, como também empresas locais como a Airserbia e a UIA (Ukraine International Airlines).
6. Aceite que a tecnologia não chegou em alguns setores de determinados países
Pode parecer estranho que mesmo países que fazem parte da União Europeia, como a Hungria, ainda não tenham certos setores da sua máquina estatal informatizados. Ou que mesmo quando o seja, não funcione muito bem (como é o caso de muitos sites de companhias de trem). Isso pode tornar o seu planejamento um pouco mais complicado, se – como eu – você gostar de comprar as passagens com antecedência.
Existem outros sites que também vendem passagens de tais companhias, mas pode acabar saindo bem mais caro: o trecho Budapeste-Belgrado, por exemplo, pelo site da Rail Europe custa a partir de 50 euros, enquanto adquiri no próprio guichê da estação algumas horas antes da viagem por 4.500 forints (em torno de 15 euros).
7. Fique atento às exigências para entrar no país
Dicas de Viagem para o Leste Europeu Praga
Ponte Charles em Praga
Muitos países da região não fazem parte do acordo de Schengen (e nem da União Europeia), o que torna necessário conferir se há acordo com o Brasil para entrada de turista sem visto. Para nossa felicidade, são poucos os países que ainda exigem visto da gente, pois acordos do tipo já foram feitos com a grande maioria deles (como Rússia, Turquia, Sérvia, Ucrânia e Montenegro).
Uma boa forma de obter esse tipo de informação é no Portal Consular do Ministério das Relações Exteriores, mas fique atento, pois existem informações desatualizadas, mas que podem ser checadas nos próprios links das embaixadas e consulados fornecidos pelo portal. Até hoje, o único lugar da região que descobri que precisamos de visto foi a Bielorrússia, mas relações entre  países mudam com o tempo, sendo recomendável conferir antes para não “dar com a porta na cara”.  Mais informações aqui.
8. Cuide do seu papelzinho da imigração
Isso vale somente para os países que não fazem parte da União Europeia, pois em alguns deles é entregue um papel que comprova que você foi registrado na polícia ou departamento de imigração. E esse papel poderá ser exigido por policiais a todo momento em que você estiver no país ou pela imigração, no momento que sair de seu território.
No caso da Rússia, por exemplo, é preciso preencher um pequeno formulário (entregue na hora de cruzar a fronteira ou no aeroporto) que será carimbado e que deverá ser guardado por todo o período de estadia. Já na Sérvia, o próprio hostel ou hotel faz o registro dos hóspedes pela internet e entrega o comprovante.
9. Ande com uma cópia certificada do seu passaporte (e deixe o original em lugar seguro)
Dicas de viagem para o leste europeu Hungria
Parlamento em Budapeste, Hungria
Essa dica vale para qualquer viagem ao exterior, pois a possibilidade de perda, roubo ou furto existe em qualquer lugar. E quando infelizmente ocorre, ter uma cópia certificada facilita muito a vida de quem precisará adquirir um novo passaporte em um dos consulados ou representações do Brasil. Para fazer isso é só levar o documento em um cartório de registro civil.
10. Tenha sempre dinheiro em espécie da moeda local
Aprendi essa lição na marra depois de algumas situações desagradáveis, como na vez em que estava viajando da Croácia para a Eslovênia. Sou mão de vaca e tenho a mania de tentar gastar todo o dinheiro da moeda local antes de sair do país (para não perder dinheiro trocando para outra moeda).
Uma das vezes que fiz isso foi quando estava esperando o ônibus que iria de Rijeka (cidade ao norte da Croácia) a Liubliana (capital da Eslovênia). Peguei todos (e poucos) kunas que haviam sobrado, gastei TUDO na padaria ao lado da rodoviária e fui para a plataforma, que para minha felicidade não era coberta e estava chovendo.
Entrei na fila para por as malas no busão e reparei que os passageiros pagavam ao motorista antes deste por a mala no veículo. Pensei: fudeu! Eu tinha 5 minutos para achar um caixa eletrônico, tirar o dinheiro e voltar à rodoviária. O motorista não falava inglês e era bem grosso, o que não me ajudava muito, mas uma alma boa apareceu e disse que tinha um ATM bem perto. No fim, deu tudo certo, mas todo o desespero poderia ter sido evitado se eu não tivesse resolvido “tomar café da manhã” no ônibus.
11. Pergunte ao hostel (ou um conhecido) sobre onde é melhor trocar dinheiro
Dicas de viagem para o Leste Europeu Croacia
Pôr do sol em Zadar, Croácia
Dos países do leste europeu que fazem parte da União Europeia, somente a Estônia e a Eslovênia passaram a utilizar o euro. O que para nós brasileiros pode ser bom, pois a grande maioria das outras moedas na região é muito desvalorizada em relação ao real (yey!), exceto a moeda da Letônia. Mesmo assim, apesar de ter uma moeda cara, o custo de vida nesse país é relativamente baixo e comparável aos vizinhos, dado que com pouco dinheiro se faz muito.
Assim, faz parte do cotidiano dos países do leste trocar moeda e pode haver grande variação nas taxas de conversão entre as casas de câmbio, ATMs e bancos. Depois de perder muito dinheiro (o que é inevitável ao realizar transações de câmbio), cheguei a conclusão de que geralmente a melhor opção é peguntar quais lugares têm as melhores cotações a residentes da cidade – tais como guias do free walking tour, funcionários do hostel e afins -, pois eles estão acostumados a fazer esse tipo de transação.
12. Tenha um bom aplicativo de conversor de moedas no smartphone
É muito fácil, ao viajar por vários países e trocar a todo o tempo de moeda, se perder no meio de tantas cotações distintas. Sem contar que nos acostumamos a um ambiente – graças ao Plano Real – em que a moeda não tem muitos zeros. Mas não é assim em vários lugares, como a Hungria, cuja moeda é o Forinte, sendo que 100 forintes geralmente valem em torno de 1 real.
Ou seja, 100 reais (normalmente, a quantia total que gasto por dia em uma viajem à região) fica por volta de 10000 forintes. Grandes quantidades de zero podem dar a falsa impressão de que se está gastando a mais. Como também o extremo oposto – tipo no caso da Letônia – pode dar a impressão de que se está gastando pouco. Por isso, ajuda utilizar um conversor no celular, como o aplicativo gratuito Corrency Converter .


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